Em sua mensagem durante a conferência Faz Chover de 2024, Daniel Souza nos convida a retornar ao princípio, não apenas ao início de uma história, mas ao fundamento do relacionamento entre Deus e o homem. Com base em Gênesis 3, ele nos conduz a uma reflexão profunda sobre o arrependimento, não como um sentimento vago, mas como uma decisão radical de rendição.
A origem da rebelião
No Éden, Deus havia estabelecido uma ordem: não comer da árvore do conhecimento do bem e do mal. A serpente, porém, oferece três promessas enganosas: que o homem pode ser seu próprio deus, decidir o certo e o errado por si só e que não haverá consequências. A decisão de Adão e Eva, ao desobedecerem, foi mais do que um ato — foi uma declaração de independência de Deus. E é essa a raiz da rebelião: a tentativa humana de viver à parte da autoridade divina.
Desde então, todos herdamos esse vírus da rebelião. Romanos 3 e 5 deixam claro: todos pecaram, e todos morreram espiritualmente. A única resposta possível diante dessa condição é o arrependimento.
Arrependimento: metanoia
Arrependimento significa metanoia: mudança de mente, de coração e de direção. É cortar o mal pela raiz. Não basta tratar os frutos ruins — é preciso arrancar a árvore do orgulho, da independência e da autossuficiência. Como João Batista declarou em Mateus 3: “Já está posto o machado à raiz da árvore”.
Daniel nos lembra que arrependimento e fé são como duas asas de uma águia: é impossível viver plenamente a vida cristã com apenas uma. O arrependimento nos reposiciona diante de Deus; a fé nos permite confiar e obedecer à Sua voz. A ausência de uma dessas asas gera duas distorções comuns: a religiosidade (arrependimento sem fé) e a hipocrisia (fé sem arrependimento).
Arrependimento é porta e caminho
Ao pregar em Atos 2, Pedro responde ao clamor da multidão com uma convocação clara: “Arrependei-vos”. Essa é a porta do Reino, o primeiro passo da nova vida com Cristo. É também o caminho que percorremos todos os dias. Arrependimento não é apenas para o início da fé — é um estilo de vida para quem deseja seguir a Jesus.
É por isso que arrependimento aparece em toda a pregação do Novo Testamento. Jesus, João Batista, os apóstolos e a igreja primitiva tinham uma mensagem clara: arrependam-se e creiam.
A dor que traz alegria
Daniel ressalta que o arrependimento começa com tristeza — não qualquer tristeza, mas aquela “segundo Deus”, que produz salvação (2 Coríntios 7.10). É a dor de reconhecer nossa arrogância e rebelião, mas que nos conduz à alegria duradoura de viver sob o governo de Deus, no Reino de justiça, paz e alegria no Espírito Santo.
Entregar o governo
Por fim, ele nos chama a uma decisão prática: quem governa sua vida? Ainda comemos do fruto proibido sempre que decidimos por nós mesmos o que é certo e errado, ignorando a palavra de Deus. Arrependimento é abrir mão do controle, descer do trono e deixar que Cristo reine.
O arrependimento não é uma emoção, é rendição.
É a entrega do coração, da mente e da vontade Àquele que nos criou e sabe o que é melhor.
Que cada um de nós possa viver essa transformação e responder ao chamado de Jesus: “Segue-me.”